quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NOVELA – Aprendendo a confiar em Deus – Capitulo 8: Limeira, Diário 1

A partir de agora, você vai ler os diários que escrevi enquanto estava internada na Santa Casa em Limeira. Como não tinha internet, nem o que fazer, aproveitei para escrever o que sentia. Afinal, a pressão era grande, já que nunca fizera cirurgia e o medo era grande. Procurei não omitir, até porque não houve necessidade. Enjoy it!!

Limeira, 25 de agosto de 2010.

     Hoje é meu aniversário e pela primeira vez, sinto que hoje foi um dia como qualquer outro, diferenciado apenas pelas ligações de alguns queridos me cumprimentando.
    Estou cada dia mais estressada, pois eu deveria ter operado ontem, mas adiaram pra hoje e de hoje adiaram pra sexta. Estou com pena da minha mãe, bem como da minha família, pois agora que a minha mãe encontrou uma forma de unir o útil ao agradável, fazendo marmitas e nesta semana, a Ellen e o Jairo têm se desdobrado pra cozinhar e der conta dos pedidos.
     Parece que apareço pra complicar as coisas da minha família. Sabe, eu ainda não entendi o porquê que Deus me trouxe de volta de uma forma tão dura e sofrida. Eu saí de casa, a fim de buscar viver humanamente por mim, sem dar trabalho pra minha mãe, mas parece que não é o que Deus quer e não consigo entender a razão..
    Quanto ao meu coração, tudo está tranquilo. Não conheci ninguém que o tenha balançado. Tenho conhecido na net muitos rapazes interessantes, mas sei que não são o que Papai do Céu preparou pra mim.
     Quanto à minha cirurgia, bem, estou mais calma, mas ao pensar no pós cirúrgico, me dá um calafrio. Eu nunca passei por uma cirurgia em que se usa anestesia geral e talvez minha apreensão seja por isso.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

NOVELA – Aprendendo a confiar em Deus – Capitulo 7: A internação e a cirurgia

Nossa, tá rendendo a coisa... rs Mas não posso deixar de terminar a história. Mesmo sendo a autora e protagonista da novela, não sei como vai terminar. Espero que tenha um final feliz.
Continuando a saga, terminei minha última postagem, falando da minha chegada à casa de mamãe. Bem, agora seria um novo ambiente, uma nova forma de dormir, de fazer as necessidades… Segunda semana dormindo sentada. Quanta saudade de dormir de lado! Agora eu acordava várias vezes à noite, com dor no bumbum, nas costas. Eu tinha de levantar e me arrumar, deitar de novo e dormir por mais uma hora, se repetindo até o amanhecer.
Na sexta-feira, recebi a visita da Dra. Bianca, médica da família. Ela ficou um pouco preocupada com meu raio-X e me pediu pra levá-lo pra uma junta de ortopedistas da Santa Casa de Limeira, pois eram seus amigos e na segunda-feira, ela me ligaria, dizendo o que eles acharam do raio-X.
E na segunda-feira, ela me ligou, dizendo que a decisão seria minha; se eu quisesse operar, ela viria em 20 minutos me pegar com a ambulância, me internaria, eu seria operada no dia seguinte e, conforme minha recuperação, eu iria voltar pra casa na quarta-feira, 25 de agosto, meu níver. Se eu não quisesse operar, além de o processo ser demorado, eu correria o risco de embolia gordurosa, quando os ossos grandes do corpo – fêmur e tíbia – ao sofrerem fratura, libera o líquido que corre dentro deles, conhecido como tutano, indo para a corrente sanguínea, podendo entupir as veias coronárias ou algum vaso cerebral, resultando em parada cardíaca ou estado vegetativo respectivamente.
Eu fiquei pálida na hora, apavorada, meu peito apertou e não sabia o que fazer. Eu queria fazer o melhor. Mesmo com a angústia apertando o peito, o medo enorme, eu disse que ia operar. Liguei imediatamente pro Jairinho e pedi orações. Eu estava com o notebook da Ellen, minha irmã, e teclava com alguns amigos e o que veio à mente na hora foi pedir para que orassem por mim; mandei email pra alguns amigos, notificando o ocorrido e solicitando as preces. Em pouco tempo, a ambulância estava ali pra me remover para a Santa Casa de Limeira. Me colocaram em uma prancha de madeira, onde gritei muito. O trajeto da minha casa até a pista é um bom pedaço de terra e sacudia muito, o que me fez chorar muito e gritar a cada solavanco.
Chegamos na Santa Casa por volta das 11h, a doutora foi dar entrada nos papéis de internação e depois foi embora. A médica de plantão, uma residente metida a profissional de grande experiência, me mandou pro raio-X e depois pediu para que os meninos do gesso tirassem as talas móveis e colocassem talas de gesso. Eu gritei demais, pois dependendo de onde eles pegavam, era como se estivessem arrancando a perna. Eu estava cansada de tanta dor e a raiva daquela residente aumentava mais e mais. O que ela sabia ser ou não melhor pra mim? Tá certo que a tala móvel vai se afrouxando com o tempo, mas os calcanhares estavam livres e agora eu teria de aguentar aquela coisa dura.
Tinha uma menina em uma maca ao lado, que quebrara todo o lado direito do corpo em um acidente de carro e depois de ter operado um mês antes, estava de volta no hospital por estar com infecção hospitalar. Ela já estava um tanto depressiva com a própria situação e ao me ver aos gritos, ela chorava e comentava com a mãe, se perguntando como eu, com tanta dor, ainda ria e fazia piadas com o pessoal do gesso. As talas incomodavam muito, principalmente os calcanhares e senti que teria problemas. Eu pedi à minha mãe que guardasse as talas móveis, por não terem saído de graça e poderiam ser úteis depois.
Minha mãe e eu esperamos até as 19h40, quando vagou um leito e eu pude subir para o quarto. Vinte e três de agosto era o dia em que dei entrada ali na Santa Casa. Esperava poder chegar em casa e ainda celebrar meu aniversário, que seria no dia 25. No quarto, me deram janta, mas já colocaram um papel em cima da minha cama, informando que a partir da meia-noite, eu estaria em jejum absoluto. Operaria no dia seguinte e eu estava bem ansiosa com a cirurgia. No quarto, tinha três leitos e o meu era o do meio. Entre os leitos tinha uma poltrona reclinável de um lado e uma cadeira do outro. A poltrona fora ocupada por uma acompanhante e eu fiquei imaginando como a minha mãe dormiria. Ela disse que se viraria. Eu lhe sugeri utilizar o colchonete que foi colocado pra eu ficar encostada na maca, já que eu não coAo meu lado esquerdo, tinha uma senhora, Dona Maria, que se contorcia de dor nos rins; ela se acalmava quando lhe davam soro e remédio forte e assim ela conseguia dormir um pouco. Era angustiante vê-la abraçando as pernas e rolando na cama de dor. Ela dissera que tinha operado e achava que fosse alguma inflamação da cirurgia. Sua sobrinha comentou com a gente depois que os médicos suspeitavam de câncer, mas que ela não sabia disso. Uns três meses depois, ela nos informou que era câncer mesmo e que sua tia tinha morrido.
Ao meu lado direito, estava uma moça de uns 32 anos, mas que aparentava uns 50; ela era muito, mas muito magra. As enfermeiras nos disseram que ela tinha ganhado neném uma semana antes, mas que estava subnutrida. Ela não conseguia engolir, como se o tubo digestivo estivesse entupido e quando ela começava a tossir, saía uma secreção esbranquiçada e viscosa. Não tinha forças nem pra se sentar. Ela gemeu à noite toda e como ela estava sem acompanhante, minha mãe a ajudou bastante, enquanto ficamos ali.
No dia seguinte, fiquei em jejum até às 14h30, quando o médico foi me visitar no quarto e me informou que minha cirurgia fora adiada para o dia seguinte. Liberou minha dieta e se despediu. Minha mãe tinha saído e eu tinha pedido à ela para comprar um notebook, já que o outro estava quebrado e em casa, na hora em que eu mais precisava da net, minha irmã ia lá e pegava o note; afinal, era dela e eu não podia fazer nada. Não tinha TV no quarto (em casa) e eu assistia pela internet. Como eu tinha um dinheiro comigo, dei à minha mãe para dar de entrada e parcelar o restante, que seria pago pelo meu beneficio do INSS, que ela recebe. Ela chegou com uma caixa dentro da sacola das Casas Bahia, mas como eu nunca vira um notebook na caixa, fiquei meio relutante em chutar o que seria, pois a caixa estava embalada. Abri e ali estava o notebook. Ela toda feliz, com senso de missão cumprida, crente de que adquirira exatamente o que eu lhe pedira: 4GB de memória e 500GB de HD. O notebook é muito parecido com o da minha irmã; mesma marca, aparência, mas com praticamente o dobro de capacidade. Eu não queria dessa marca, mas ao mesmo tempo, eu estava feliz por ter um notebook novo. Então eu o liguei e comecei a procurar por algum sinal de wireless e achei alguns, mas não conseguia conectar. Mas pude explorar o conteúdo da máquina, ver os jogos que ela tinha e assim me distraí.
À noite, após a janta, o anúncio de jejum absoluto foi colocado em cima da minha cama. As próximas postagens serão diários escritos na Santa Casa, uma vez que eu não tinha o que fazer e contar o que eu sentia fazia o tempo passar.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Ano novo, vida nova, blog de cara nova

Oi querido(a),
    Muitas coisas mudaram e resolvi dar cara nova ao blog. Espero que vc goste =D
    Estou me ajustando, a fim de postar a continuação da novela.
   Esses dias, uma amiga veio me perguntar por que eu coloquei novela a este episódio da minha vida. Não sei se consegui, mas o objetivo era captar a atenção. Sei que os capítulos são longos e nos próximos, prometo ser mais suscinta.
    Até me deram a idéia de escrever um livro com as postagens deste blog. Achei uma idéia interessante, uma vez que assim que eu recomeçar a testemunhar nas igrejas, como não tenho meu CD, preciso de algo para poder deixar com o pessoal e fazer uma graninha, já que o negócio é gratuito.
    Por falar em CD, ontem a Laura Morena fez uma apresntação na igreja do UNASP - Engenheiro Coelho, onde, pra os que ainda não sabem, estou morando (ainda na casa de mamis). A Laura fez uma programação no formato da minha - uma mescla de testemunho e músicas. Entretanto, ela utilizou vídeos, testemunhos dos famíliares, que falaram do câncer na garganta que ela teve há um ano. As conclusões que ela tirou de sua exoeriência me fizeram pensar em mim e no que tenho enfrentado até aqui. Pareci uma bica, de tanto chorar com o testemunho dela.
    Às vezes, enquanto passamos por problemas, apenas questionamos a Deus da razão de Ele permitir que tantas coisas ruins nos aconteçam. Choramos, esperneamos, não queremos aceitar... Aí algum tempo depois, vc vê o rumo que a sua vida tomou após aquele ocorrido e se pudesse voltar atrás, não mudaria um único detalhe.
    A Laura poderia ter ficado sem a voz, ante o tumor maligno que ela precisou tirar da garganta. Deus lhe devolveu a voz e ela disse que esta voz será dedicada única e exclusivamente em louvor a Ele.
Na minha vida, os médicos disseram sobre as minhas perdas, por causa da doença, entre elas, a voz e a minha vida. Mas isso não ocorreu, porque eu precisava contar isso pra vc hoje e cantar, como eu tenho feito desde os quatro anos. E minha voz não é utilizada pra outro fim que seja o louvor a Deus.
     Fico por hora, mas procurarei voltar em breve, breve.
     Deus o abençoe!! Bjs

sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz 2011!!!

A Novela vai continuar depois. Parada para a composição do próximo capítulo.
Quero desejar-lhe um feliz 2011 cheio das bênçãos de Deus. Que seus mais doces e lindos sonhos sejam realidade. Faça o bem ao seu próximo e verá uma bênção em dose dupla, pois vc também será abençoado.
Não se desanime frente aos problemas. Ande mais uma milha.
Como disse um palestrante: "Sábio é quem valoriza o que tem antes de perder".

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

NOVELA – Aprendendo a confiar em Deus – Capitulo 6: A volta pra casa da mamãe

Bem, eu pensei em gravar na webcam esta postagem, pois achei que seria menos maçante, mas dá um trabalhão gravar. Pretendo fazer uma gravação ainda, mas acho que deixarei pra depois, quem sabe para o fechamento da novela.

Terminei o último capitulo falando da minha ida ao aeroporto de Navegantes. Mas como pobre é difícil ter a sorte de andar no transporte de rico, comigo não foi diferente. Voltei pro hospital em Brusque. A razão foi que a inteligente da moça da Gol, após duas horas de conversa ao telefone com a assessora da Dra. Célia Leão, que explicou a minha situação e tudo ficou combinado para a minha remoção, não fez conforme o combinado e depois alegou que eu não poderia viajar, pois o espaço entre as poltronas (do executivo) é menor do que o de um ônibus convencional. Mas a passagem comprada era de 1ª classe. Não sei o que ela imaginou, mas beleza. Eu voltei conformadíssima, pois prometi que confiaria em Deus.

Contudo, entretanto, todavia, não voltei para o quarto em que eu estava, para o meu total desespero, pois agora eu estaria sozinha. Tinham duas senhoras no quarto 10, agora que ficava bem de frente para a festa da Azambuja, a santa da cidade. Muita gente, música, missa, comida, enfim, a festança. E eu internada, o que pra mim foi uma tortura.

Mas o meu desespero mesmo começou às 19h, com a troca de plantão das enfermeiras. Meu, eram as tias chatas, que deram calmante pra eu apagar no último plantão, mas não conseguiram, não. Eu já estava com uma ferida aberta no bumbum, o que me incomodava muito ficar na mesma posição e agora seria terrível sem meus “guinchos”. Elas foram me visitar no quarto e chorei muito, pois eu estava me sentindo muito sozinha. Meu mp4 não ligava, eu só tinha a lição, a Bíblia e um livro em inglês pra ler. O Jairo conseguiu algumas folhas e caneta, pra eu escrever um pouco. Eu queria transformar aquele drama todo em uma poesia, pra musicar depois. Nem tive ideia de começar a escrever para o blog, ainda que eu tivesse pensado e comentado com a Tita na ambulância do Corpo de Bombeiros, quando fui socorrida (Tita, essa é mais uma para o Blog…); é, aqui estamos.

No quarto novo, tive mais duas colegas de leito, as Marias. A que estava do outro lado do quarto tinha diabetes e estava com problemas e a outra ao meu lado, que descobrir se adventista e com ela pude estudar a lição, ou tentar traduzi-la. Esta sofria dores fortes no ciático, por ficar muito tempo costurando. Pude conversar muito com ela, mas eu estava aflita pra sair dali, pois queria o colo de mamãe.

Bem, na terça de manhã, 17 de agosto, chegou a ambulância pra me buscar, a qual foi conseguida pela Deputada, liberada pelo Estado de SP, com dois motoristas e uma enfermeira. Depois descobri que os dois eram adventistas, dois gatinhos e palhaços. Eles me disseram que o Governador ligou na empresa, que presta serviços de transporte de pacientes para o Estado, em que eles trabalham, para passar algumas instruções. Me despedi do Jairo e da Tita e começamos a viagem. No principio, tudo estava bem. Mas depois, começaram os buracos, os pulos e meus gritos. Foram 10h de pura emoção. Curvas acentuadíssimas na estrada de Registro, quando subimos uma serra enorme. Paramos algumas vezes para descansar, mas comer mesmo, só quando chegamos.

Ao chegar à casa da minha mãe, eram 19h30 e eles ainda sairiam para o RJ buscar outro paciente. Os meninos me colocaram na prancha e me trouxeram para a cama da minha mãe e pra isso, eu gritei muito, pois as pernas doíam demais. Naquela noite, A P A G U E I. Essa foi uma das pouquíssimas noites em que dormi o tempo todo. Também, justifica-se o cansaço. Bem, agora começaria uma nova adaptação com a minha mãe. Ela conseguiu uma comadre em Engenheiro Coelho e eu teria de me conformar a ficar um bom tempo fazendo as necessidades na cama (na comadre... você entendeu :P).

sábado, 27 de novembro de 2010

Coffee break

Estimados, em virtude de alguns contratempos, não consegui terminar os próximos capítulos da minha história.
Hoje mesmo, sábado, estou com muita dor, pela qual tenho chorado várias vezes ao dia. É que uma perna está infeccionada. Meu padrasto colocou um soro com antibiótico há pouco. Espero que isso ajude.
Bem, entrarei em maiores detalhes depois.

Tenha um ótimo dia

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

NOVELA – Aprendendo a confiar em Deus – Capitulo 5: A semana no hospital em Brusque até o sábado

Bem, a Tita chegou por volta das 9h no hospital para ficar comigo e então o Jairo foi pra casa, pois precisava trabalhar. Fiquei com pena dela e do Earle, pois têm uma firma de contabilidade há pouco aberta e apenas os dois trabalham ali. O Earle faz muitas visitas aos clientes, enquanto a Tita cuida dos assuntos do escritório, telefone e com ela ali comigo, o Earle se viu doido, pois não podia sair para as suas visitas. Por mais que eu quisesse que ela fosse e seguisse com os seus compromissos, eu precisava de sua ajuda, além de que eu estava carente, por estar longe de casa... e eu queria a mamãe =D
Pedi ao Jairo que ligasse pra minha mãe, pois neste dia, eu estaria mais calma, imobilizada e talvez a reação dela fosse melhor. Mamãe ficou desesperada e procurou ajuda de um monte de gente, a fim de dar um jeito para me trazer pra São Paulo. Ela chegou ao vereador “Marião Telão”, o qual foi muito gentil e acho que foi a melhor pessoa com quem minha mãe conversou, pois este tinha amizade com a deputada Célia Leão, uma cadeirante, ninguém melhor para compreender minha situação e saber como me ajudar. Sua acessora, Vera, moveu mundos e fundos, entrando em contato com o Governo, é até Exército, a fim de solicitar o jato para me buscar ali.
O doutor Custódio foi até o meu quarto e disse que meu caso era cirúrgico. Eu disse a ele do meu medo, pois com AME (Atrofia Muscular Espinhal), eu não sabia se poderia tomar anestesia geral e qual delas seria a mais indicada. Com isso, ele pensou na melhor solução e sugeriu uma tala móvel, pois esta é mais leve e eu poderia tirar pra tomar banho (eu ao sei como isso poderia ocorrer, já que a dor era imensa). Só que cada tala custa R$70 e o SUS(to) não as cobre. Pensei, pensei, até que optei por elas, mesmo que praticamente todo o meu rico dinheirinho - o dos CD's - mas pensei na ‘dificulidade’ que passei com as outras 8 fraturas que sofri e o peso dos gessos e/ou talas que usei, a coceiras... e assim decidi pelas talas móveis.
Ele me disse que eu iria para o Centro Cirúrgico colocar as talas e que pra isso eu seria sedada. Acho que falaram pra ele que era escandalosa :P. Logo, o anestesista já foi aplicando um sedativo e os olhos ficando pesados e comecei a viajar literalmente na maionese até apagar. Acordei depois na sala de recuperação, já com as talas colocadas. Voltei pro quarto e a história de deitar e levantar a cada 15 minutos recomeçou. Fiquei com dó da Tita, pois virou uma rotina chata e ela não tinha nada mais interessante entre os seus momentos de guincho e foi o dia inteiro. Por volta de 20h30, o Jairo chegou e ela foi embora. E esta foi mais uma noite longa de deita e levanta. Na outra noite, ele tinha se deitado na cama ao lado e pôde dormir um pouco. Entretanto, nesta noite, como a Leila chegou pra fazer uma cirurgia, ocupou a cama e o Jairinho ficou na poltrona.
A quarta-feira foi um dia bem estressante, pois quando o Dr. Custódio chegou no quarto e, ao ver o Jairo e a Tita, não falou nada e saiu bravo, dizendo às enfermeiras que elas eram um bando de incompetentes, pois era proibido acompanhante para SUS(to) e depois falou com a freira, o padre - administradores do hospital - sobre o caso. Ele expulsou os meus amigos, dizendo que não era pra eu ficar com ninguém e depois veio a enfermeira-chefe, querendo saber pra quem eu pedi autorização para ficar com acompanhante, sendo que era um homem me acompanhando à noite, e que por minha causa, elas poderiam perder o emprego. Dissemos que não sabíamos e explicamos que sou cadeirante e que não conseguia ficar na mesma posição por muito tempo e que precisava de ajuda pra me levantar e blábláblá O Jairo tentou falar com o médico, mas ele o ignorou.
Já que a Tita estava indo embora, eu lhe pedi para que fosse à Polícia e fizesse pra mim um B.O., pois precisaríamos dele depois no processo contra a Prefeitura. A secretária do Dr Custodio veio me cobrar as talas, mas como eu não estava com a minha carteira, não tive como acertar; mas prometi fazê-lo até a minha alta. Ela disse que se eu não pagasse, eles viriam e tirariam as talas e colocariam gesso. Eu fiquei sabendo só no sábado, mas um irmão foi ali e bondosamente pagou as talas pra mim e até se oferecera pra me levar pra São Paulo em um dos seus carros... funerários. Seria lindo, já pensou??? Mas o pessoal do hospital não permitiu, pois se ocorresse alguma coisa, todos teriam um problemão.
Com a expulsão dos meus amigos e agora acompanhantes, me vi sozinha e fiquei muito preocupada, pois eu precisava sentar e levantar várias vezes e eu precisaria chamar as enfermeiras, que já haviam comentado que a ala nunca esteve tão cheia e elas estavam feito loucas de um lado para o outro. A Leila, minha companheira de leito, iria operar e como a filha estava com ela, a Talita, a Leila sugeriu à enfermeira para que a Talita ficasse com ela (pois ela não o poderia) e me ajudasse no processo de sentar e levantar. Com o tempo, eu até comecei a chamá-la de “guincho”. Ela ficava brava comigo, pois não gostou do apelido que tão carinhosamente lhe coloquei. Por que será?
Nesse mesmo dia, a D. Maria foi internada no nosso quarto e as filhas dela revezavam no cuidado à mãe e por muitas vezes, a Márcia e suas irmãs Marlene, Simone (não me lembro o nome da quarta) me ajudaram muito. De quarta pra quinta, lembro-me de eu não ter deixado a Márcia dormir, pois eu não me acostumara ainda à posição que ficaria por um bom tempo. Eu comecei a revezar os “guinchos”, pois não queria sobrecarregar a coitada da Talita, que me ajudava com muitas coisas, inclusive comprar besteiras na cantina.
Recebi a visita da assistente social do hospital, Rúbia. Que doce de pessoa! Ela tinha conversado com a minha mãe ao telefone e me trouxe o telefone pra eu conversar com ela. Eu fiquei tão feliz com aquilo e vi quão carente eu estava. A Rúbia conversou muito com os meus amigos ali, procurando a melhor forma para me trazerem pra São Paulo. A Deputada Célia Leão se dispôs a pagar a despesa da viagem, mas não conseguiram a ambulância de Brusque. A Vera, sua assessora, passou mais de uma hora conversando com o pessoal da Gol, a fim de providenciar o meu transporte de avião. Foi comprada para o sábado, às 17h30, no aeroporto de Navegantes.
Eu pude falar a elas sobre Jesus, sobre o que Ele fez na minha vida. Discuti, com muita classe com o marido da Márcia, que estava criticando os católicos. Ao lado do hospital, tem a igreja de Azambuja, uma santa da região. Neste fim-de-semana, começara a festa em homenagem à santa e ali vai muita gente. Ela queria dar umas voltas pela festa com a Talita e então ele começou a falar mal dos católicos, inventou uma história da Bíblia, de que eu nunca ouvi falar. Aí eu intervim na conversa, dizendo que eu não era católica, mas que eu não tinha o direito de criticar ninguém por sua crença, uma vez que havia muitos sinceros ali, assim como o há em todas as religiões e que Deus um dia reuniria todos esses sinceros em um só povo e os levaria para o céu, pois Ele não vem buscar placa de igreja e sim um povo que O aceitou como Senhor e Salvador da sua vida. Ele não teve resposta pra isso.
Um detalhe não muito agradável, porém muito importante que gostaria de citar. Pensa na criança aqui, de domingo até o sábado, comendo 3 vezes ao dia e não eliminando as impurezas. Por dois dias eu tentei, sem sucesso. Eu estava muito preocupada, pois a minha barriga estava grande e dura, doendo de uma forma estranha. Eu sentia meu estômago sendo esmagado, eu não conseguia inspirar profundamente, que doía. Como eu orei a Papai do céu pra me ajudar neste detalhe que muitas vezes nem valorizamos. Enquanto eu me arrumava para partir, deu aquela vontade e pedi a ajuda da Talita para colocar a comadre embaixo de mim. Após algumas caretas de força, consegui! Eu cheguei até chorar de emoção e gratidão a Deus.
Este foi um dia muito especial, que inclusive tiramos fotos, a fim de guardarmos uma recordação especial. Olha as fotos abaixo:


Sente o naipe da criança - a cara de doente



Este é o Jairinho



A Leila, colega de leito



A Talita, filha da Leila e adorável "guincho"



Esta é a Marcia - outro adorável "guincho"

Pude partilhar com elas meu momento atual, os problemas que eu estava enfrentando, minha decisão ao lado de Deus, bem como as peripécias, sem me esquecer da queda das quedas. Mencionei que quando Deus permite que algumas desgraças ocorram em nossa vida, é porque Ele deseja manifestar a Sua graça e glória em nossa vida. Sabe, conhecer essas mulheres no hospital foi muito especial. Deus cuidou de detalhes tão pequenos, que pude ver que tudo o que Ele estava permitindo que me ocorresse era porque Ele me ama muito e estava, ou melhor, está querendo me ensinar algo com isso.

A continuação da história da pobre que vai até o aeroporto de Navegantes eu conto no próximo capitulo =P

Mudando de vida

Muitas coisas aconteceram de agosto pra cá. Como não tive qualquer retorno às solicitações de mudança de atividade e/ou local de trabalho, o...