quarta-feira, 8 de setembro de 2010

NOVELA: Aprendendo a confiar em Deus - Capítulo 2 – A ida à Santa Catarina



Quinta, 05 de agosto. Eram umas 11h e a Cassia estava de saída para uma entrevista de emprego. Como eu tenho o costume de ir até o UNASP para pegar o ônibus, por ter mais opções de adaptados, pedi a ela que levasse a minha mala e a deixasse na portaria, para que eu não tivesse problemas em sair de casa sozinha com a mala, que estava transbordando. A gente acabou se desentendo e às 15h, com medo de ela nem chegar pra me ajudar, decidi ir pra rodoviária sozinha mesmo, pois precisava chegar com antecedência.

Só estava a Simoneli em casa e naquela hora, iniciaria sua aula de matemática particular com seu aluno. Pedi a ela que apenas colocasse a mala na rua pra mim e comecei a puxar a mala, que na descida era sussa. Na esquina, pedi ajuda para alguém pegar a minha mala, para que eu pudesse atravessar uma valeta e depois a peguei novamente, descendo a Av. Carrillo. Logo depois do ponto de ônibus, começou a subida e a minha tortura. Meu braço começou a doer e eu não agüentava mais puxar, pois nem braço mais eu tinha e assim passei a última lombada da subida e faltavam ainda uns 50m até a Estrada de Itapecerica e o UNASP. Minha salvação foi o motorista do ônibus que eu pegaria parar e o cobrador me colocar pra dentro.

Depois foi o trajeto até o Terminal Capelinha, Metrô Santa Cruz, Tietê, que demorou mais ou menos 2h. Cheguei no Tietê às 18h em ponto, quase 3h de antecedência, a fim de tirar a minha passagem com o PASSE LIVRE. Craro! Tá pensando que vou pagar passagem de bus pra outro estado? Fui até a Viação Catarinense, pra me deparar com a próxima provação. Mais uma: Fui informada de que não poderiam tirar minha passagem, pois o único ônibus que sairia pra Brusque naquela noite era daqueles de dois andares, os DD, com várias poltronas em cima (executivo) e leito embaixo e o passe livre só era válido para ônibus convencional e o único que os filhos de uma boa mãe têm é aos domingos. Pobre é uma coisa.

Com a notícia, foi mais um momento de me desabar aos prantos. Eu estava tão triste com tanta coisa ruim acontecendo. Eu perguntei a Deus o que estava acontecendo e por que. De repente, me vi sem rumo e sinceramente, eu não estava disposta a voltar pra casa. Saí dali e pensei na Assistência Social, que talvez pagasse minha passagem. Mas não parei ali.

Fui direto à ANTT, onde comecei a chorar, explicando o meu drama. Eles começaram a verificar se era só aquele horário, pois algumas empresas têm mais horários e carros, mas acabam por não liberarem os carros pela falta de clientes e se a ANTT pegar isso, a multa é salgada.

Eles então ligaram pra Pluma, que informou-lhes que tinha apenas um carro que passava em Balneário Camboriú e de lá saia um ônibus pra Brusque a R$12 a passagem e me perguntou se eu poderia fazer essa conexão. Chorando, eu disse que estava com 2 reais na carteira, pois não estava preocupada em comer na estrada e que só teria dinheiro depois, pois estava indo cantar lá e venderia CD´s. Com dó de mim, o tio me deu R$20 e me disse que era pra passagem e para o café da manhã. Saí chorando dali, mas agradecida a Deus e ao pessoal da ANTT.

O ônibus sairia às 20h15 e eu tinha por volta de 40 minutos antes da partida. Peguei a passagem, passei na Casa do Pão de Queijo e peguei um combo, com um suco e 8 paezinhos de queijo, para o lanche e fui até a plataforma indicada. Ali esperei, observando as pessoas ao meu redor. Umas 19h45, encostou um ônibus de 2 andares, nome da cidade diferente e fiquei ali esperando este sair, pra poder entrar no próximo. Sei que deram 20h05 e este ainda não tinha saído e então fui perguntar o horário de saída. E não é que era o meu? Quase o perdi. O que me intrigou foi o fato de que a moça reservou uma poltrona lá em cima. Fui à porta e olhei a escada. Meu coração gelou. Mas o motorista disse pra eu ficar tranqüila.

Bem, ele me colocou embaixo, me pediu pra não falar a ninguém que eu viajava de Passe Livre ali no leito e esta foi a viagem mais confortável da minha vida, já que pobre só anda de busão.

Continua...

Um comentário:

  1. Milene!!! Amiga vc é uma aventureira, cruzando estados e com dois reais???? heheheh. Só vc msmo! Bjos.

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