Eu sempre falo que você só entende o contexto de um deficiente
quando vive ou convive com um. Falo “vive” porque em algum
momento da vida, a pessoa pode sofrer um acidente e ficar
temporariamente em uma cadeira de rodas e depois que voltou à sua
vida normal, ela sempre sempre se lembrará de respeitar, entender…
Todos os dias, eu pego o ônibus que faz a linha do Shopping, porque
considero um caminho melhor para o trabalho. Há outra linha que faz
quase o mesmo caminho, porém duas ruas paralelas de distância e
trabalho na rua do meio. Então, qualquer ônibus que eu pegar, chego
facilmente ao meu destino, mas hoje peguei a outra linha, mas
enquanto embarcava, fiquei tranquila, porque seria uma forma de
conhecer o caminho quando explico para alguém como chegar no
trabalho.
Faço sempre o mesmo: aviso o motorista que desejo embarcar naquele
ônibus, me localizo de ré rente à porta do meio, onde está o
elevador e espero pelo motorista me embarcar. Olho para trás e dou
uma verificada se a vaga está desocupada e é quando as pessoas que
ali estão percebem que vou me posicionar ali e assim saem do
caminho.
Essas duas linhas são super lotadas, pois linhas de acesso a
laboratórios, hospitais, empresas em geral, escolas, o shopping,
condomínios de luxo (quem usa os ônibus são as diaristas e demais
prestadores de serviços) … e quando o ônibus encosta, as pessoas
vão se atropelando, a fim de conseguir um assento no ônibus e
quando não acham, vão se posicionando de maneira que não sejam
incomodadas pelas pessoas que embarcarão durante o percurso.
Mas voltando a mim, o ônibus estava lotado. Dei sinal para o
motorista, me localizei de ré na porta, esperando o embarque.
As pessoas que estavam em pé na vaga saíram e deixaram um espaço
para eu passar. Mas ao dar ré, percebi que passei em cima dos dedos
do pé de uma senhora que não tinha se apercebido do perigo de estar
na frente de uma cadeirante motorizada doida… rsrs
Já passei em cima de muitos pés, tanto de pessoas próximas a mim
quanto desconhecidas, mas achei que o problema estava comigo, em ser
má motorista, de não ter atenção; mas na maioria das vezes, a
falta de atenção é da pessoa e não minha.
E hoje uma senhora estava no meu caminho, calçando sandálias de
dedo e passei em cima dos seus dedinhos e ouvi um gemido, acompanhado
do som sugando os dentes… parei, olhei pro lado e pra cima e vi o
rosto de dor da senhora que me dizia para estar em paz quanto ao
incidente, mas isso me deixa triste por causar dor em alguém sem o
querer… nem querendo rsrs
Milene, o ser humano é um filha da puta. Tem de pisar no pé mesmo
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