sábado, 18 de setembro de 2010
NOVELA – Aprendendo a confiar em Deus – Capitulo 4: A queda das quedas fenomenais
Segunda, 9 de agosto de 2010
Aviso que o diário de hoje é mais longo e bem detalhado, pois foi o dia. O Jairo e eu acordamos 11h na segunda. O sono rendeu... rs Mas ficou um tanto corrido pra ele, pois eu tinha de tomar banho - no esquema de chamar a prima - o Jairo tomar o seu, almoçarmos e ele ir pro trabalho. Ele precisou dormir um cadim antes de ir pro trampo e acabou por ir um pouco mais tarde.
Entrei no site da Viação Catarinense, pra ver não só se teria ônibus convencional pra Sampa, como o horário. O único convencional saía na segunda, às 20h e avisei a Tita do horário. Combinamos que, às 18h30, ela viria na casa do Jairo, me ajudar a me arrumar, bem como arrumar minhas coisas. Deu 18h30, 18h45 e nada da Tita. Foi passando, 19h, 19h05 e a Tita chegaou. Fiquei um tanto desanimada pra ir, pois achei que não teria mais tempo e já havia planejado ir pra Camboriú, para pegar de lá um bus pra Sampa.
Ela arrumou as minhas coisas, me ajudou a fazer xixi e trocar o "bi" e terminou de juntar as minhas coisas e saiu para buscar o Earle, seu marido. Depois chegaram por volta de 19h25, para irmos. Eu sugeri para que fôssemos na terça, pois achei que não daria tempo. Bem, a Tita estava confiante de que daria tempo e assim fomos; mas passamos ainda no serviço do Jairo pra eu me despedir dele e chegamos em Brusque 19h45. Eles montaram a cadeira, fui ao guichê, a fim de solicitar a passagem pelo PASSE LIVRE, o Earle e a Tita cuidaram de pegar as minhas coisas.
Peguei a passagem e segui na direção do bus, que agora tinha uns 10 minutos pra partir. Não vi um maledeto degrau de uns 25cm ou mais e como uma abóbora madura, mergulhei de joelhos. Lágrimas não saíram. Em compensação, os gritos eram estrondosos. A Tita chorou por mim. Eles tentaram me erguer por trás, mas gritei, pedindo para me deixarem como eu estava, pois eu sabia que tinha quebrado as duas pernas. O guarda da rodô chamou o Corpo de Bombeiros, a fim de me levarem ao Pronto Socorro.
Eu gritava muito e falava da falta de respeito com os "aleijadinhos", pois nem aviso de degrau tinha naquela rodoviária; isso sem falar na rampa homicida. Me veio à mente na hora a idéia de processar a Prefeitura, pois assim, poderia se evitar que outras pessoas caíssem e se ferissem como eu ou pior. Pode acontecer com idosos ou com qualquer pessoa. O degrau é muito alto.
Voltando ao resgate. Agora realizando o terceiro sonho - fui socorrida pelo Resgate, SAMU e agora pelo Corpo de Bombeiros. Mas a dor era tanta que nem vi se os moços eram bonitos... =D A parte difícil foi o trajeto até o hospital, pois as ruas de Brusque são de paralelepípedos. Pulei mais que pipoca e parecia que não chegava nunca. Eu gritei todo o trajeto e a Tita chorava muito, pois se achava culpada do ocorrido. O Earle pegou as minhas coisas e levou para a casa do Jairo. A Tita ligou pra ele, informando-lhe do que aconteceu e ele exigiu que o buscasse, pois ele queria me ver.
No P.A. eu gritava muito, até que uma enfermeira chegou e me falou pra eu parar de gritar, pois outros pacientes estavam ali. A raiva foi tanta, que disse a ela que não eram as pernas dela que estavam doendo. Aí ela disse que sabia, mas era pra eu gritar mais baixo... %#@&* Que ódio! Aí, ela me levou pra uma sala, para me dar uma injeção de Cataflan. Eu tentei dizer que estava com "visita", mas ela não entendeu e disse que teria de cortar as minhas calças, pra poder me medicar. Eu pedi que não, que eu não queria, até que lhe disseram que eu era cadeirante e aí a bola dela baixou de uma forma, a dita ficou uma seda comigo, disse que só abaixaria um pouquinho as calças para aplicar a injeção.
Lembro-me de uma enfermeira que, enquanto eu esperava para ir pro Raio-X, se aproximou de mim, pegou a minha mão e me acariciava, falando com calma para eu ficar tranquila. Ela foi comigo no Raio-X e colocava a minha mão em seu rosto, beijava a minha testa, dizendo pra eu me acalmar e tudo ficaria bem. Ela ajudou o moço a tirar as chapas e depois voltei ao P.A. e ela ficou um pouco mais ali comigo, depois deu uma olhada na sala de medicação, voltou ali onde eu estava e prestou auxílio à uma mulher que estava na maca atrás de mim; eu acho que ela tinha epilepsia, pois a língiua estava enrolada e estava com problemas de respiração. Bem, ela se despediu e saiu e nunca mais a vi. Até me passou pela cabeça a possibilidade de ela ser um anjo.
Eu estava com dor nas nádegas (vou tentar não falar bunda) de ficar deitada de costas na prancha e implorei para me sentarem. O médico, estressado, falou pra eu me sentar. Eu disse que não conseguiria sozinha e pedi a sua ajuda, garantindo-lhe que não afetaria as minhas pernas. Ele me ajudou e não deitei mais.
...A Tita estava ligando pra um monte de gente e depois de algum tempo, foi aonde eu estava. Ela chorava muito, se culpando do ocorrido. Eu estava ouvindo alguns hinos do Elvis Presley e de repente, um sentimento de "cansei de lutar" invadiu a minha mente. Durante dez meses, eu lutei pra conseguir um emprego novo em São Paulo, mas perdi uma grande oportunidade na Natura, pois na ocasião da entrevista, eu estava com TPM e comecei a chorar e não fui aprovada, pois ela precisava de alguém centrado... Comecei um outro processo de um emprego bem mais próximo, ali no Centro Empresarial, com salário de quase mil reais a mais do que eu ganhava, mas o pessoal estava muito enrolado. Minhas contas venceram todas ao encerrar o seguro desemprego e eu pagava o aluguel com o dinheiro que a minha mãe me mandava - 400 reais - e o restante eu comprava comida pra mim e a Cassia. A minha vida espiritual estava um lixo três meses atrás, pois eu não estudava a lição, praticamente não orava e isso me deixou fraca frente às tentações em que o inimigo sabe que sou fraca. O pior foi que não parei de cantar na igreja, o que era uma verdadeira hipocrisia. O tempo foi passando e vi que eu precisava mudar de vida, pois daquele jeito não dava mais. Fui sincera com Deus, disse a ele que eu não gostava de dedicar tempo pra Ele e que precisava aprender a gostar. Comecei a forçar o estudo da lição e de manhã, a primeira coisa que eu fazia era ir pra sala estudar a lição, me forcei ir aos cultos da mata (domingos, às 5h) e na semana de oração na mata, quando acordara todos os dias às 4h20 da matina para ir aos cultos e eu rogava ao Senhor para abrir as portas de um emprego pra mim, bem como uma casa pra eu ficar. Minha mãe pedia pra eu voltar a morar com ela, disse que faria um quartinho adaptado no quintal de casa, a fim de eu morar lá; mas eu sentia que eu não deveria voltar, pois eu adquirira tanta independência, maturidade, ainda que tivesse muito a aprender...
E agora ali estava eu, com as duas pernas quebradas, sem poder fazer qualquer coisa pra contornar a situação. Até quinta, eu brigava com Deus, cobrando-Lhe as bênçãos, cobrando-Lhe respostas e exigindo que a minha oração fosse atendida, ainda que não era isso o que eu sempre preguei e acreditei. Entretanto, ali estava eu inútil, com dores, sem poder voltar pra casa, muito menos sem previsão de quando poderia ver minha família novamente. Então orei ao Senhor, pedindo perdão de tudo o que eu fia, das minhas brigas com Ele, decidindo, a partir daquele momento, aceitar a Sua vontade.
Fui encaminhada para a ala cirúrgica, transferida pra cama sem imobilizar as pernas, pois o ortopedista me atenderia de manhã. Não demorou muito e o Jairo chegou, pronto para passar a noite comigo; passar a noite porque eu não preguei os olhos, pois o bebê aqui só dorme de ladinho e agora teria de dormir de costas e como tenho escoliose e hiperlordose, não tinha posiçao e de 15 em 15 minutos, precisava levantar, a fim de descansar as costas. A coitada da Tita não conseguiu dormir à noite, pois estava chorando o tempo todo.
O Jairo chegou pra me fazer companhia, porque dormir, coitado...
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