terça-feira, 5 de novembro de 2019

Mudando de vida

Muitas coisas aconteceram de agosto pra cá. Como não tive qualquer retorno às solicitações de mudança de atividade e/ou local de trabalho, optei mesmo por me afastar e tentar a oportunidade em São Paulo. Conversei com meu esposo, o qual me apoiou 100% e com meu pedido de afastamento, ele também fez o seu pedido de demissão. A tensão pelo desconhecido, pelo que poderia nos esperar na capital era notória, mas tentamos ao menos nos manter tranquilos para encorajarmos um ao outro nesta que seria uma senhora mudança.

Comecei a procurar incansavelmente por apartamento, considerando que casa térrea seria complicado pelo fato de o paulistano se utilizar de sobrados para poder aproveitar o terreno adquirido. Pensando cá comigo, acho que em São Paulo é vendido ¼ de terreno pelo valor de um e é tudo muito caro.

Depois de miuto insistir e quase desistir, minha mãe entrou em contato com alguns conhecidos em São Paulo, a fim de ver algum lugar bom pra eu morar. Conseguimos o contato de um corretor da igreja, que nos mostrou o link de um apartamento para alugar no mesmo condomínio em que morava. Entretanto, este estava em reforma e eu teria que aguardar um tempo para poder me mudar pra ele. A tensão aumentou, porque as pessoas que conheço que moravam em São Paulo se apertavam nos apartamentos ou casas nada adaptadas, fora a mudança de rotina deles.

Então me lembrei da igreja do Brooklin, da qual fui membro por mais de um ano e gostava tanto e procurei o contato do pastor local a fim de conseguir uma sala na igreja, porque me lembrei que ali tinha um banheiro com chuveiro, e faríamos de tudo pra não dar trabalho. Bem, o pastor demorou pra me responder e eu já estava aflita. No dia seguinte, resolvi cobrar sua posição sobre meu pedido. Ele então me mandou um áudio extenso e me disse que esperava uma resposta e então começou a dizer que na empresa havia um diretor que era um dos anciões na igreja e que estava tentando algum benefício da empresa para funcionários. Entretanto, como eu não era funcionária oficial ainda, não está na política da empresa tal procedimento, a menos que eu fosse transferida pela empresa, aí seria outra a conversa. Assim, o pastor me deu o contato deste primeiro ancião, que seria meu colega na empresa.

Em contato com o ancião e a esposa, eles foram muito gentis e não me deixaram viajar na noite anterior ao meu início e nos fez viajar durante o dia e nos pagaram pra ficar em um hotel perto da empresa, a fim de eu poder descansar e ir no meu primeiro dia de trabalho descansada e bem. Com isso, viemos na terça de manhã, chegamos à tarde em São Paulo e fomos para o hotel. Foi uma noite muito boa. Tem um shopping próximo, onde jantamos e no dia seguinte, tomamos o desjejum no hotel e na minha hora, fui pra empresa.

Sem como descrever o quão bem recebida eu fui. Fiquei encantada com tudo e estava tão emocionada com tudo... Por outro lado, meu amor ficou com a responsabilidade de levar nossas coisas para a igreja, onde ficaríamos hospedados e chegando lá, estavam os colchões que usaríamos para dormir.

Na primeira noite, todavia, meu amor não conseguiu encher o colchão e decidiu dormir em cima dele murcho e foi uma noite horrível pra mim, pois ver ele dormindo no chão, considerando ter uma cama confortável no interior e ele largou tudo para estar comigo aqui e ter de dormir no chão. Bem, chorei praticamente a noite toda. Pela manhã, foi o banho. Um banheiro muito pequeno, onde a porta abria a metade e parava no vaso sanitário.De frente com o vaso, fica a pia; passando o vaso, tem um box de uns 50cm de largura a porta e a largura dentro do box, 1,0m x 0,5m. Lá dentro, meu amor colocou uma cadeira de banho emprestada pela igreja, para a qual comprei um assento, pois estava sem; para chegar nesta cadeira, meu amor me pegou no colo, com muito sacrifício, passou meu corpo sobre a pia e vai aqui e ali e então conseguiu me colocar em cima da cadeira. Pra saír, além da exposição do meu corpo após o banho, foi todo o sacrifício de volta para a minha cadeira motorizada.

Fiquei desesperada! Queria voltar pro interior, porque não daria pra suportar isso todos os dias. Embora eu não esteja gorda como já o fui, não sou tão leve assim e volta e meia, meu amor sente dores nas costas e ao passar por aquilo, me apavorei.

Outra coisa que ocorreu foi que deixei no interior minhas roupas de frio e aqui estava muito frio e não estava preparada. Além de não gostar do clima gelado, não tinha como ficar assim.

Cheguei na empresa e caí em prantos. Minhas colegas tentaram me consolar, me acalmar e se ofereceram pra me trazer roupas quentes para eu usar no trabalho, me deram dinheiro. Minha chefe conversou comigo e depois de uns dias, chegou a me sugerir voltar pro interior e trabalhar home office até o apartamento ficar pronto, porque não teria como me colocar em um hotel, pois vai contra a política da empresa. Por conta, ela até poderia pagar pra mim e depois eu ia pagando ela aos poucos, mas ela não queria um serviço de assistência.

Bem, no decorrer deste dia choroso, eu pedi à irma, que me emprestou os colchões, que me trouxesse um balde e uma jarra, pois eu tive a ideia de usar o banheiro masculino, onde eu usava pras necessidades, me arrumar e fiz meu amor tirar a cadeira de lá do banheiro pequeno e toda vez, enchia o balde com água quente do chuveiro e me levava e eu tomava “banho de canequiha”. E no primeiro dia foi um sucesso e assim fizemos todos os dias em que ficamos na igreja. Aos sábados pela manhã, além da rotina, meu amor precisava reunir as coisas e levar para uma salinha, pois onde nós dormíamos, eles usavam aos sábados pela manhã.

Enquanto escrevo, tenho pensado em meu amor mandando currículos, fazendo entrevistas, as quais não têm resultado em nada, o que, desde que chegamos aqui, tem passado pela mente dele, se na minha ausência ele tem chorado de preocupação por deixar tudo agora sob minha responsabilidade e não poder ajudar financeiramente... e quando chego em casa, mesmo se estou triste, preocupada, ele me acalma, faz uma massagem pra eu relaxar, me faz sentir amada, especial. Agrade;o sempre a Deus por me dá-lo de presente e a ele, por escolher ficar ao meu lado, ser tão parceiro...

Também consigo elevar meus pensamentos em oração agora, pedindo a Deus para que abençoe tanto meu amor, conceda a ele um emprego muito bem remunerado, onde ele se sinta motivado a crescer e fazer mais do que tem feito até aqui como profissional.

Continuando, depois que comecei a trabalhar, fiquei dependente do meu amor para ver as coisas pra mim, como conhecer o apartamento que eu tinha reservado e estava reformando e tinha ficado pronto. O coretor começou a me pressionar de uma forma ríspida, que fiquei apavorada, mas com a visita do meu marido, acabamos desanimando de alugar aquele apartamento, por causa da localidade, a distância pra eu embarcar e desembarcar no ônibus, o percurso de ida e vinda pro trabalho/casa, a distância até a igreja mais próxima...

Assim, começamos a procurar outra coisa e vi um próximo ao Terminal Capelinha, local já familiar pra mim. Havia dois apartamentos naquele condomínio para serem alugados, mas quando meu amor foi até lá pra conhecer, tinham fechado com um mais próximo da entrada e o outro, a gente precisaria dar 3 meses de aluguel e condomínio, o que não conseguiríamos pagar e se pagássemos, passaríamos necessidades, fora que o apartamento tinha degraus, pequenos, mas que seriam um problema e pra chegar no prédio era um trajeto não muito propício. Saímos dali tão tristes e fomos andando, conversando, tentando pensar positivo, e com a consciência de voltar a pesquisar um lugar até que passamos na frente de outro condomínio, mais à frente. Estávamos chateados, preocupados,  e digamos que precisávamos de um milagre. Ao ver este segundo condomínio, pedi ao meu amor pra perguntar ao porteiro se ele sabia de algum apartamento vago pra locação. Então ele disse que do outro lado da avenida, bem de frente com o condomínio, ficava a imobiliária responsável pela maioria dos apartamentos dali. Meu amor foi lá enquanto eu voltei pro meu serviço.

Conversando com o corretor, havia um vago sim, mas a proprietária aceitava apenas seguro fiança. Ele me pediu os documentos para passar para a seguradora e foram encaminhado a duas seguradoras e ambas negaram o risco de me segurar. O corretor então disse que não seria possível alugar o apartamento.

Assim, agradeci, chateada, mas comentei da possibilidade de eles conversarem com a proprietária e ver com ela sobre o caução, já que não foi possível o seguro e que como a proprietária assinou um contrato, determinando como seria o aluguel, não poderia entrar em contato com ela e mudar o esquema. Eu agradeci, porém disse do meu cansaço de morar de favor na igreja, por dormir no chão, não ter privacidade, e tantas coisas. Ah, me desabafei, porque estava cansada disso.

Resumindo, no dia seguinte, ele disse que ela tinha aceitado o caução. Acho que deve ter ponderado a prováel dificuldade em alugar, caso as seguradoras não aceitassem outros futuros inquilinos. E no dia seguinte, fomos informados de que poderíamos alugar o apartamento. No início da semana seguinte, já reuni os documentos, os enviei ao corretor e depois fomos assinar o contrato. Saindo de lá, tivemos de ir até o cartório mais próximo, a fim de abrir firma e reconhecer a assinatura do contrato. Não foi um percurso muito curto e fácil e sofremos um bocado para chegar ao cartório; graças ao bom Deus que meu amor estava comigo, porque eu passei muito medo. E embora um momento bem estressante pra mim e meu amor, deu tudo certo. Meu amor voltou à imobiliária para levar o contrato e eu precisei voltar para o serviço.

Continua...

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